domingo, 29 de março de 2015

Reflexão da Palavra

Comentário da Segunda leitura (29/03/2013)


O texto de Paulo em Felipenses 2 é contracultural. Um texto que subverte a lógica da sociedade e produz um projeto de vida na perspectiva dos menores. Jesus renuncia ao direito de ser tratado como Deus para ser tratado como ser humano e, entre os humanos, ser tratado como um  entre os seus menores. Ele se apresenta como obediente. Não importa se essa obediência o levará à morte. O que mais importa é a presença  dele entre as muitas cruzes que o Império Romano disseminava naquela época e as muitas cruzes que o nosso povo hoje precisa carregar. Bem que ele poderia ter se encarnado como um membro do Sinédrio judaico, um senador romano, quem sabe um proprietário de terras, ou ainda como um César. Mas como poderia ele se assemelhar a todos aqueles que usavam de seus espaços  de poder econômico, religioso e político para oprimir o povo? Necessariamente o projeto de Jesus nasce debaixo. Ele se encontra na base da pirâmide social do Império Romano. No entanto. ele não se encontra sozinho. Junto a ele estão milhares de escravos que sofrem na esperança de libertação.
Jesus se esvazia porque somente vazio pode se preencher, preenchendo os outros. Que lógica invertida: somente vazios é que podemos ser bênçãos para os demais. Nesse belíssimo texto, temos dois movimentos  brilhantes: um descendente e outro ascendente. Jesus, num movimento descendente, esvazia-se e humilha-se e Deus, num momentos ascendente, eleva à condição de Senhor aquele que havia chegado à mais baixa humilhação. No entanto, devemos observar que Jesus, elevado à condição de Senhor, não se apresenta como um César. Jesus sempre se apresentará como um Senhor que é, ao mesmo tempo, um servo.

Texto: Luiz Alexandre Solano Rossi
Revista Vida Pastoral - Março - Abril de 2015
 -  ano 56 - número 302.

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