“Ele está no meio de nós”.
“Eu começo dizendo: Ele está em nós... Está em
nós e nós no seio, no coração da Trindade.
Era
um jardim, e aos poucos foi tomando todo um trejeito de acampamento....chegamos,
algumas tendas já montadas, outras começando a serem armadas, eram tendas de várias
congregações que foram ganhando sua cor, seu brilho, sua marca, sua identidade
e dentre tantas tendas, tinha uma muito especial que estava sendo montada,
preparada, ornamentada...
A Tenda do Senhor. “ELE apareceu lá no acampamento e
montou a sua tenda entre nós, compartilhando de nossos sentimentos”. Permaneceu
no meio de nós.
Assim
demos início ao nosso acampamento, na sexta-feira, com a oração inicial diante
da Tenda de Jesus Sacramentado, tenda esta que ficou armada durante todo o
acampamento para que Ele pudesse ser visitado.
Diante d’Ele fomos chamadas a retornar, ver com
o mesmo olhar que vimos pela primeira vez, e com este olhar (re) fazer o
caminho de chegada até aqui...podendo perceber o cuidado e o toque de Deus em
todo meu caminhar, tendo a certeza de que Ele sempre esteve e sempre estará comigo.
Seguindo com nossa oração, fizemos uma pequena
caminhada para acender a fogueira, sendo ela o sinal da presença de Deus em
nosso meio. Fogueira esta que deveria ficar acessa durante os dias do
acampamento. Enquanto cantávamos ao redor da fogueira, ela era acesa. E este
ato levou-me a uma reflexão: como anda esta chama dentro mim? Pois a fogueira
acendeu, mas logo em seguida apagou, a lenha estava úmida e os papéis que foram
colocados para ajudar a acendê-la, já haviam sido consumidos. E com isso aos
poucos foram aparecendo utensílios para que esta fogueira fosse acesa, foram
aparecendo mãos que contribuíram neste acender das chamas, como muitas vezes
acontece em nosso caminhar, aparecem essas mãos para ajudar-nos a manter este
fogo aceso.
À noite foi feita uma escala de adoração e mais
uma vez experimentei o amor e a graça de Deus naquela noite fria, onde Jesus se
fazia presente, não somente vinha, mas permanecia em nosso meio. Foi um voltar
ao primeiro amor, retomar minhas raízes, minhas origens e ir percebendo que
este caminho não foi construído sozinho, mas que Deus sempre enviou anjos para
trilhar esses passos comigo. Nesta experiência me senti renovada, vibrando e
apaixonando-me cada vez mais por este tal Jesus. Vale à pena consagrar-me pelo
Reino, por esta obra de Redenção!!!
Muita coisa que com o tempo foi se esfriando
aqui dentro, foi adormecendo, despertou com força total. Tudo dentro de mim
ardia, vibrava, pulsava... era a vida sendo renovada. Assim como Moisés viu a
sarça que ardia, mas não se consumia, assim é este algo que arde dentro de meu
peito a cada dia mais e mais e não acaba, não se consome.
Este acampamento inquietou-me, provocou-me e
desvendou algumas coisas que estavam veladas. E tudo isto me chama, convida-me
a dar passos, a mudar, crescer....ser verdadeira discípula de Jesus e não
apenas admiradora ou expectadora.
Fez-me entender que muitas vezes preciso
silenciar a alma para ouvir a mim e os outros, é no silêncio que Deus habita. É
preciso silenciar de corpo inteiro... e como é difícil silenciar, esvaziar-me...
Este acampamento foi também refletido sobre a vida
comunitária, nossa vivência fraterna. Entendi e compreendi que eu também sou
comunidade, sou parte deste todo, que devo arriscar-me por ela, ser vida com
aquelas que congregam junto comigo. Ser comunidade é sentir o prazer de estar
com a outra, ser alimento para ela, ser verdadeira Eucaristia, ser esta oblação
diária, “Oblata sobre o altar de cada dia”.
E que em todo este processo preciso ser pessoa,
identificar-me como tal e como dói... mas sei que é necessário. Preciso ter a
coragem de viver o Evangelho como Jesus viveu, deixar tudo isto que arde dentro
de mim transformar-se em vida, ser testemunho de que o outro consiga ver em mim
a face de Cristo, neste mundo tão corrido, onde os valores estão invertidos,
mostrar que esta sede, este vazio não é saciado com este consumismo exagerado,
mas que devemos fixar nosso olhar n’Ele. Que tudo que faço tem que ter um
sentido maior e por primeiro, levar-me ao encontro de Jesus. Vivendo cada vez
mais este Deus que se encarnou, se fez homem por amor.
Encerramos nosso acampamento com uma procissão
para um assentamento, o Dandara. Na saída iniciamos a missa, demos uma parada
para fazer as leituras e encerramos a Celebração da Eucaristia com o povo do
assentamento. E pudemos com aquela realidade ver um Deus que desce, vê e acolhe
o sofrimento de seu povo e nos convida a fazer esta descida e este caminhar
junto com Ele e com seu povo. Chama-nos a ir também ao encontro deste povo,
montar a tenda.”
Priscilla Fernandes – Postulante Oblata