No
mês de março a nossa Congregação de Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, está celebrando
os 190 anos de nascimento da nossa Fundadora, Antonia Maria de Oviedo Schönthal,
a “Madre Antonia Maria da Misericórdia”, nascida em 16 de março de 1822.
Fazer
memória de Madre Antonia é, para nós irmãs, reviver o processo de uma mulher intelectual
do século XIX, mulher de fé, sensível aos irmãos e à realidade, que depois de
um processo de conversão se abriu a um grande desafio emergente em sua época na
Espanha: a situação de muitas mulheres que ingressavam na prostituição neste
período de Revolução Industrial. Um registro de meados de 1863 nos conta na
cidade de Madri “andavam pelas ruas, doze
mil jovens belas, dotadas de encantos que lutam contra os horrores da miséria, sofrem
a ameaça de fome e para sobreviverem vendem seu corpo”.
Antonia
nesta época era professora das três princesas da Corte Espanhola, mulher terna
e firme, de cultura ampla e profunda orientação religiosa, bastante instruída
tanto em religião como em ciências, história, geografia, pintura, música, e
além disso dominava cinco idiomas.
Dom
José Maria Benito Serra, homem que tinha uma visão clara sobre os problemas
sociais existentes, a sensibilizou e a convidou a ampliar seu olhar para esta
realidade excludente da prostituição feminina e ajudá-lo a fundar uma casa de
acolhida que fosse um porto de salvação para o naufrágio, uma escola de virtude,
uma oficina de capacitação, na qual as jovens marginalizadas pela prostituição pudessem
se formar para ocupar uma posição honrada na sociedade.
Antonia
ficou perplexa com tal convite e enfrentou um duro e grande combate espiritual.
Depois de rezar na capela de Nossa Senhora do Bom Conselho se dispôs a começar
a fundação com Dom José Benito Serra abraçando esta bela, mas dura e difícil
missão. Assim, em 1870 surge a Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor
como resposta ao clamor da mulher que vive no contexto de prostituição.
Desta
maneira Pe. Serra e Madre Antonia assumiram a responsabilidade histórica de
proclamar o Evangelho que é humanização e libertação para a mulher prostituída.
Hoje,
nós Irmãs Oblatas, atualizamos este projeto de vida em nossa missão e estamos atentas
às transformações econômicas, sociais, políticas e culturais, que produzem um
avanço da pobreza e dos fenômenos migratórios que afetam as mulheres em
situação de prostituição.
Nesta
data festiva agradecemos toda esta “herança humanizadora”, esta Proposta
Redentora que Antonia Maria da Misericórdia deixou para as mulheres, para a
congregação, para a sociedade e Igreja de seu tempo, que segue atual e vigente
para nossos dias.
Ir.
Roseli Consoli