segunda-feira, 11 de março de 2019

O Vai e Vem da vocação

Quando falamos em discernimento, logo vem a questão da vocação. Discernir é ouvir um chamado de Deus e acolhê-lo. Discernimento e vocação estão intimamente relacionados. 

Quando Jesus escolheu os doze apóstolos, foi dita a razão dessa escolha: “Escolheu doze para estar com ele e para enviá-los a pregar” (Mc 3, 14). O chamado de Jesus tem dois momentos: chamado para dentro e chamado para fora.

O primeiro momento é o estar junto a Cristo e esse chamado é marcado pelo verbo “vir”. Jesus chama com um “vem”. São chamados a estar com o Cristo, a aprender com ele, a conhecê-lo. É o chamado para uma vida nova cujo centro será o ensinamento do Mestre. Trata-se de um chamado “para dentro”, pois se trata de entrar no grupo. Esse grupo se chama Igreja e esse momento se realiza com o batismo, marca de nossa entrada no corpo de Cristo (incorporação à igreja). Portanto o primeiro chamado que Jesus nos faz é para estar com ele em nossa comunidade eclesial, pois é ali que vamos ouvir a sua palavra, conhece-lo e aproximarmos de seu corpo. A resposta ao “vem” que Jesus nos dirige é a própria vivência do batismo.

Alguém poderia perguntar: - E isso é vocação? É vocação porque Deus chama cada um de maneira particular e devemos responder livremente se desejamos ir até onde ele está. Desde o ventre de nossa mãe, Deus já nos tinha escolhido (cf. Jr 1, 5) e respondemos afirmativamente a essa escolha sempre que nos interessamos por estar junto do Cristo na comunidade, ouvindo sua palavra, falando com ele pela oração, pertencendo ao seu grupo. Se não for estando na comunidade, como poderemos verdadeiramente estar com o Cristo e conhece-lo? E se não o conhecemos, como vamos amá-lo? E se não o amamos como vamos segui-lo? (cf. Rm. 10, 14-15)

Dessa resposta ao primeiro chamado de Jesus, depende o segundo momento. Nesse momento o centro do chamado é o Reinado de Deus. Os discípulos são enviados a pregar e continuar a obra de Jesus. Esse momento está marcado com o verbo “ir”. Jesus envia com um “vai”. Jesus diz aos discípulos para irem às pessoas anunciar o que viram quando estavam com ele. É o chamado “para fora”. O cristão não pode separar Jesus de seu Reinado e quem responde positivamente ao “vem”, deve responder igualmente ao “vai”. 

Quando falamos da vocação cristã, devemos ter presente que esses dois aspectos valem para todos embora a vivência de cada um seja distinta. Todos somos chamados por Cristo a estar com Ele na comunidade, mas cada um está segundo seu carisma pessoal. Mas todos têm que saber que estão ali como resposta ao chamado de Jesus. De igual maneira todos são chamados a testemunhar a palavra de Deus, igualmente segundo seu carisma. Uma grande parte dos cristãos dará testemunho somente em sua casa, em seu trabalho, mas também esses devem ter consciência de que o fazem como chamado do Senhor.

Todos devemos cumprir nossa vocação crista, que é responder com um sim a essas duas propostas de Jesus, o vem e o vai.

Pe. Élcio Toledo, SJ.


quinta-feira, 7 de março de 2019

CF 2019 - Papa Francisco envia mensagem ao povo brasileiro

O Papa Francisco também este ano enviou uma mensagem por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade. Eis a íntegra da mensagem do Santo Padre:

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte. Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de um caminho pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da Fraternidade propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas públicas”.

Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam «o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et spes, 74).

Imagem: Vatican News
Cientes disso, os cristãos - inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo direito e pela justiça» (Is 1,28) e seguindo o exemplo do divino Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) - devem buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça. De fato, como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505).

De modo especial, àqueles que se dedicam formalmente à política - à que os Pontífices, a partir de Pio XII, se referiram como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa Francisco, Mensagem ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017) – requer-se que vivam «com paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras íntimas do seu etos e da sua cultura, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixem intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos, sendo competentes e pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação» (ibid.).

Refletindo e rezando as políticas públicas com a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e irmãs, que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, ajude todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para que possam ver nos irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericórdia vultus, 15). Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição poderá alcançar a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E para lhes confirmar nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, de coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Vaticano, 11 de fevereiro de 2019.

[Franciscus PP.]



segunda-feira, 4 de março de 2019

ÁRVORE DA VIDA – Jesus, raiz e sustento para nossa caminhada.

Vatican.va
Na última edição da 34ª jornada mundial da juventude, no Panamá, o Papa Francisco nos leva a refletir sobre a importância da relação dos jovens com Deus, do convite que o Senhor nos faz em vários momentos da vida. Em seu discurso no momento da Via Sacra, ele traz elementos atuais na vida de muitos jovens, para mostrar o valor da intimidade com Deus em nossas vidas.

“Acabamos de ver este belo espetáculo sobre a Árvore da Vida, que mostra como a vida que Jesus nos dá é uma história de amor, uma história de vida que quer misturar-se com a nossa e criar raízes na terra de cada um. Essa vida não é uma salvação suspensa «na nuvem» – no disco virtual – à espera de ser descarregada, nem uma nova «aplicação» para descobrir ou um exercício mental fruto de técnicas de crescimento pessoal. Nem a vida que Deus nos oferece é um «tutorial» com o qual apreender as últimas novidades. A salvação, que Deus nos dá, é um convite para fazer parte duma história de amor, que está entrelaçada com as nossas histórias; que vive e quer nascer entre nós, para podermos dar fruto onde, como e com quem estivermos. Precisamente aí vem o Senhor plantar e plantar-Se a Si mesmo; Ele é o primeiro a dizer «sim» à nossa vida; Ele é sempre o primeiro. É o primeiro a dizer «sim» à nossa história e quer que também nós digamos «sim» juntamente com Ele. Ele sempre nos antecede, é o primeiro”.


Ter o coração aberto e disponível é o primeiro passo para uma caminhada de amor e de coragem para responder sim ao chamado do Senhor em qualquer circunstância, assim como foi com Maria. 

“...E foi assim que surpreendeu Maria, convidando-A para fazer parte desta história de amor. Sem dúvida, a jovem de Nazaré não aparecia nas «redes sociais» de então; Ela não era um «influenciador» (influencer, em sentido digital) mas, sem querer nem procurá-lo, tornou-Se a mulher que maior influência teve na história.

E poderíamos, com confiança de filhos, defini-La: Maria, a influenciadora [às ordens] de Deus. Com poucas palavras, teve a coragem de dizer «sim», confiando no amor, confiando nas promessas de Deus, que é a única força capaz de renovar, de fazer novas todas as coisas...”

“...E, hoje, todos temos algo para renovar dentro de nós. Hoje devemos deixar que Deus renove algo no nosso coração. Pensemos um pouco: Que quero que Deus renove no meu coração?.”


Para aprofundar sua leitura e reflexão CLIQUE AQUI e veja o discurso completo.




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