domingo, 20 de outubro de 2019

Santíssimo Redentor - Expressão do Amor de Deus

DE TAL MODO DEUS AMOU O MUNDO, QUE LHE DEU SEU FILHO ÚNICO (Jo 3,16)

   
"Deus amou tanto o mundo...” é a revelação fundamental, que traz a certeza originante de toda uma experiência espiritual. O Amor é o centro dinâmico da Espiritualidade Redentorista. Um Amor afetivo que precede e motiva o amor efetivo. Uma experiência verdadeiramente bíblica, para quem conhece a linguagem profética da relação matrimonial entre Deus e o  seu Povo, tão bem exemplificada em Oséias e no Cântico dos Cânticos: "Eu os atraí com laços de bondade, com laços de amor" (Os 11,4). É um Amor gratuito, que brota primeiramente de Deus. Ele nos amou eternamente: - Amo-te com um amor eterno (Jr 31,3). Deus diz ao homem: - Olhe, fui eu o primeiro a amar você. Você não estava ainda no mundo. O mundo nem existia, e eu já o amava. Eu amo você desde que sou Deus. Amo você, e desde que amei a mim mesmo, amei também você"!

           Tal amor não se resume a uma declaração sentimental. É uma prática histórica, que culmina com a doação do Filho. A criação é o seu primeiro gesto de amor, no desejo de atrair para si o amor gratuito do homem: "...criou o céu, a terra e tantas outras coisas, todas por amor do homem” .
“Mas Deus não se contentou em dar-nos estas belas criaturas. Além disso, para cativar todo o nosso amor, Ele deu-se a nós em todo o seu ser. Deus Pai chegou ao extremo de nos dar seu próprio Filho: - Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu seu Filho único" (Jo 3,16). Jesus é, antes de tudo, a irradiação viva e humana do Amor do Pai pelo homem.
           A evidência formidável que brota dessa experiência de fé é esta: a Vontade de Deus, é essencialmente uma vontade de salvar a pessoa para o amor. Por isso, a Vontade de Deus não pode ser reduzida à dimensão jurídica das leis naturais e positivas, que são satisfeitas com a obediência. Toda a revelação cristã é a história de uma conquista amorosa do homem por parte de Deus, que vai acontecendo gradativamente no decorrer da história huma­na. A essência evangélica da Vontade de Deus é a vontade de amar e de ser amado. A conseqüência dessa descoberta é muito mais dinâmica do que todas as leis: se pela Reve­lação é essa a vontade de Deus, como não buscar essa Vontade com todas as forças e entregar-se totalmente a ela de forma incondicional, sem medidas e para sempre? "Ama um Deus que te ama tanto, antes que é o próprio Amor..."

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Papa Francisco pelo Dia Mundial das Missões

Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo


Queridos irmãos e irmãs!

Pedi a toda a Igreja que vivesse um tempo extraordinário de missionariedade no mês de outubro de 2019, para comemorar o centenário da promulgação da Carta apostólica Maximum illud, do Papa Bento XV (30 de novembro de 1919). A clarividência profética da sua proposta apostólica confirmou-me como é importante, ainda hoje, renovar o compromisso missionário da Igreja, potenciar evangelicamente a sua missão de anunciar e levar ao mundo a salvação de Jesus Cristo, morto e ressuscitado.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

E a Mãe de Jesus estava ali

Pe. Adroaldo Palaoro, sj

“Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3)
É frequente estar perto e não ver os outros, estar junto e não se dar conta dos problemas das pessoas.
Quão importante é reaprender a olhar! É decisivo ativar um “olhar contemplativo”, capaz de “ler” por detrás das situações e compreender o que está oculto no mais profundo de cada um.
Todos “estavam” no casamento, em Caná, mas nenhum percebeu que “estava faltando vinho”. Só a Mãe de Jesus foi capaz de dar-se conta de que a festa iria terminar mal. E sai em defesa dos recém-casados, que também não estavam inteirados da situação. Graças a ela, aquilo que poderia terminar em um problema, converteu-se em festa.

Tempos da lei, rito de purificações, mas conhece sua falta, sabe descobri-la e colocá-la diante de seu Filho. Dessa forma supera já o tempo de negatividade e se adianta, conhecendo e preparando aquilo que não pode resolver por si mesma. Por isso, faz o pedido ao “bom filho messiânico”, o Servidor das Bodas da humanidade, que é Jesus. Ela, a que estava presente no casamento, propicia que seu filho revele sua “hora”.
Ela não está ali para pôr condições, nem para dar conselhos, nem para proibir e controlar seus filhos, mas para desejar que “todos tenham vinho”, que possam viver em amor e bom vinho, e serem felizes.
Maria, é mãe de todas as mães que querem o melhor vinho do amor para seus filhos. Este mundo se salvará se houver mães que dizem: “eles não têm mais vinho”.
A passagem das Bodas de Caná é um relato messiânico, que marca o sentido de todo o evangelho de João, o sentido da vida cristã como festa de casamento, como festa de família. Não se diz que Maria tinha sido convidada. Ela já pertence ao espaço e tempo das Bodas, fundadas no caminho da promessa e busca humana. Em sua função de mãe messiânica, ela não é o Messias, mas está presente nas Bodas, deixando refletir nela e atualizando a experiência e esperança israelita.
Não sabemos se é que havia outros que viram e sentiram a carência de vinho, à chegada de Jesus, mas sabemos que Maria o avisou. Ela olha atenta às necessidades dos noivos, satisfeita diante de uma festa de casamento que promete felicidade a todos os que dela participam. Poderíamos dizer que ela está a serviço da festa do amor e da vida: quer que haja prazer, que haja vinho e, enquanto outros estão talvez perdidos em afazeres de menor significado, ela sabe manter distância e descobrir as necessidades das pessoas, o mesmo que fez no seu canto do Magnificat.

O evangelho de hoje destaca a carência de vinho na festa de casamento. Faltava alegria e prazer naquele ambiente judaico, obcecado em lavar-se e purificar-se. Faltava entusiasmo nas pessoas que se preparavam para a chegada de um Deus que não reconheciam. Isso sim, havia abundância de água: centenas de litros de água e de normas que não desembocavam no louvor nem na alegria. Aí é onde Maria aproveita a ocasião e situa o seu filho no centro da história de todos eles. Aí é onde Jesus antecipa a manifestação de sua autoridade: “Enchei as talhas de água!”; “agora tirai e levai ao mestre-sala!”
João começa seu evangelho recordando Jesus participando de bodas, homem da festa, a serviço do amor e da vida. Este é o Jesus verdadeiro, iniciador de Bodas, homem de festa e de vinho, promotor de uma esperança de paz (shamom), simbolizada na alegria dos convivas.
Nesta cena, há uma característica que deveria estar sempre presente na comunidade dos(as) seguidores(as) de Jesus, a Igreja: devemos passar das bodas de água e purificação (muitas leis, muitas proibições, muito rito, pedras e mais pedras…) às bodas do vinho. Que todos os homens e mulheres da terra, todas as casas, tenham o necessário para viver (pão, água, casa…), mas também o bom vinho, que é o prazer da vida, o que inspira a convivência alegre e festiva, reforçando os laços de comunhão entre todos.

Nesse sentido, a recordação da presença da Mãe de Jesus, nos revela que ela é uma mulher festeira, promessa de vinho e de amor para as pessoas sobrecarregadas sob o fardo de leis, de medos e normas que paralisam (os cântaros de pedra para a purificação).
Maria, a mãe de Jesus, quer vinho, não para ela, mas para a comunidade festiva, para todos os que buscam e querem seguir seu Filho, para todos os homens e mulheres da terra.
Ela é Virgem de Caná de Galiléia, iniciadora de evangelho, de vinho e bodas, de alegria esperançada.
A Mãe de Jesus se faz presente em todas as Bodas humanas (antes judaicas, hoje cristãs) e descobre nelas muita água para as purificações, mas carente do vinho de vida, que é a alegria dos noivos que se irradia e se expande a todos os convidados.
Maria deixa transparecer uma lucidez especial e, em gesto de serviço aberto, descobre a carência da vida. Sabe que os seres humanos foram criados para celebrar as festas do amor, para as bodas do vinho em plenitude, e por isso sofre ao vê-los carentes, sofridos, incompletos, submetidos à água dos ritos e purificações do mundo. Sua presença inspiradora quer conduzi-los à nova família do Reino, onde a festa não terá fim.
A mãe sabe olhar, mas não pode remediar. Ela se encontra diante de um mistério que a ultrapassa, diante de uma carência que não pode solucionar por si mesma. Logicamente acode ao seu Filho: “Eles não têm mais vinho”. Ela leva até Jesus as carências das pessoas. A indicação é delicada, respeitosa para com o momento do seu Filho.

Isto significa que a hora, o tempo e o gesto de Jesus não é marcado por Maria. No entanto, se considerarmos com mais profundidade, descobriremos que a mesma resposta negativa de Jesus deixa emergir um tipo de assentimento implícito: Jesus não rejeita a observação de sua mãe, não nega a carência de vinho. Simplesmente indica que a “hora” se encontra nas mãos de seu Pai dos céus.
Ela aceita a palavra de Jesus, sua transcendência. Sabe que não pode impor-lhe nem mandar n’Ele, traçando para Ele um caminho neste mundo. Mas ela pode, sim, dirigir-se aos responsáveis da festa, a todos os homens e mulheres da terra: “Fazei tudo o que Ele vos disser!”
Assim, Maria deixa a resposta nas mãos de Jesus, deixa o tempo de sua “hora” e, colocando-se no plano dos servidores, apresenta-se como a grande “diaconisa”, a primeira servidora da festa: prepara assim o ambiente para que a transformação das Bodas aconteça. Está ali para ocupar-se das pessoas, daqueles famintos e oprimidos que querem chegar até as bodas da alegria e da vida da terra, mas não podem fazer isso porque falta o vinho do amor e da vida, a alegria da festa.
Ela está ali presente, realizando uma função superior: prepara os servidores (diakonoi) do banquete, ensinando-os a acolher e a escutar seu filho Jesus.
Ela está com os diáconos, servidores do banquete, anunciando e preparando a felicidade prazerosa que se aproxima. Ela está a serviço do festim de manjares suculentos e vinhos generosos que o Deus de seu Filho Jesus Cristo preparou sobre o monte da terra, conforme Is 25,6.
Evangelho:  Jo 2,1-11
 Na oração:
  • Sinta tudo o que há de água depositada e parada em sua vida, com a desculpa de usá-la como purificação na relação com Deus; sinta-se como talha de pedra, fria e rígida, que o(a) torna incapaz de mobilizar sua vida em favor da vida.
  • Reconheça e agradeça tudo o que na sua vida se parece com o vinho, que lhe dilata e lhe dá sentido de festa.
  • Vinho expansivo que provoca alegria, abundância, reconstrução de novas relações…


Fonte: CRB SP

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Pilares e Valores que Motivam a Atuação

O trabalho realizado pelos projetos da Rede Oblata está alicerçado numa estruturada proposta pedagógica de acompanhamento às mulheres em contexto de prostituição. A atuação da Rede está fundamentada num conjunto de valores sólidos, com uma inspiração bem específica e traços característicos que tornam única e singular a atuação. 

A vivência cotidiana com as mulheres tem mostrado que as mesmas buscam nossas unidades com demandas variadas que giram em torno do acesso a Saúde, Assistência Social, Previdência Social, busca de espaços de lazer, terapias holísticas, rodas de conversa e cursos formativos. O trabalho realizado com elas tem sido direcionado para a defesa e garantia de seus direitos, na perspectiva do protagonismo da mulher, uma vez que
"A questão central do trabalho com a mulher em contexto de prostituição é o seu protagonismo, levando em conta todo o contexto em que ela vive (pobreza, drogas, doenças mentais etc.). Mesmo que não tenhamos respostas para superar todos os problemas relacionados à prostituição, entendemos que é essencial que as mulheres possam ser protagonistas (independente da saída da prostituição ou não), ocorrendo o seu reconhecimento como mulher e com capacidade de definir sua própria história, porque entendemos que a mulher torna-se sujeito da sua história mesmo no contexto de prostituição." (Proposta Pedagógica de acompanhamento às Mulheres em Situação de prostituição, p.89)
É essencial resgatar a compreensão de que, quem define sua história é a própria mulher, por este motivo todas as ações realizadas visam o fortalecimento da mesma neste processo de escolha, dando-as oportunidades concretas para a sua reinserção social. 
"Existe clareza quanto à definição da Missão dos Projetos. Concordamos que o foco junto às mulheres é o protagonismo, que pode ou não levar à saída da prostituição". (Proposta Pedagógica de acompanhamento às Mulheres em Situação de prostituição, p.93)
O tema da prostituição muitas vezes entra em segundo plano no contexto social destas mulheres, uma vez que, como qualquer brasileira/o que é privado dos direitos básicos, a busca por acesso a saúde de qualidade, moradia adequada, alimentação, ensino, entre outros, são prioridade.

Como Rede enxergamos cada mulher para além dos estigmas e preconceito social, buscamos fazer junto com elas o caminho de libertação de uma sociedade patriarcal que nos limita como mulheres e nos classifica. Em cadacada encontro com as mulheres, vivemos o sentido da sororidade que nos irmana e nos fortalece,  pois assim vamos contra a uma cultura da competição entre nós mulheres, imposta pelo pensamento patriarcal.

Saiba mais sobre nossa missão com as mulheres em contexto de prostituição nas redes sociais. Acesse:


Unidade da Rede Oblata em Juazeiro: https://unidadeoblatajuazeiro.blogspot.com
Unidade da Rede Oblata em Salvador: http://projetoforcafeminina.blogspot.com/
Unidade da Rede Oblata em São Paulo: http://projetoantonia.blogspot.com/
Unidade da Rede Oblata em Belo Horizonte: https://dialogospelaliberdade.com/