domingo, 22 de março de 2015

Reflexão da Palavra

A disposição para o serviço é essencial. Muitas vezes pensamos a vida cristã a partir de possíveis privilégios que possamos ter. Queremos tudo de Deus, desde que ele não exija nada de nós. Nosso coração entra em aliança com Jesus para vivermos privilégios, mas para que aprendamos a viver na dimensão do serviço.

Comentário da Segunda leitura (22/03/2013)


A primeira leitura traz um texto pequeno, mas denso de conteúdo. Desde o versículo 23 encontramos retratados os diversos aspectos da restauração durante e logo após o exílio, e, especificamente nos versículos 31-34, o aspecto decisivo é a nova aliança escrita no coração do ser humano (ver também em Ezequiel 16, 59-63). Jeremias faz questão de frisar que a nova aliança é bastante diferente daquela aliança firmada com os pais no Egito. Mas o que se entende por nova Aliança? Antes é preciso relembrar que a libertação do Egito não foi um evento qualquer. É considerada o início da história de Israel. Portanto, mencionando a aliança do Egito e opondo-lhe a nova, Jeremias quer dizer que esta deve ser vista como algo especial.

A nova aliança introduz um período equivalente ao iniciado com a primeira. Aliança que inaugura uma grandeza tão ampla quanto a inaugurada com o surgimento de Israel. Em outras palavras, a nova aliança inaugura uma nova história de Israel. E qual o perfil dessa nova história? É justamente o surgimento de uma sociedade que respeite a relação com o semelhante, que respeite sua individualidade, sua propriedade, seu direito à vida e à liberdade; uma sociedade onde não se oprime e se defende a vida dos estrangeiros, órfãos e viúvas; uma sociedade em que o ser humano é tratado como sujeito, e não como coisa. Mas o que há de novo? A novidade da segunda aliança é esta: "colocarei minha lei em seu peito e a escreverei em seu coração" (v 33). A vontade de Deus já não será algo vindo de fora, necessitando de interpretação, de explicação e de ensino. A vontade do ser humano passa a ser idêntica à vontade de Deus, a qual deixa de ser algo alheio. Isso indica que haverá absoluta identificação e espontaneidade no cumprimento da vontade de Deus, Todos, grandes e pequenos, conhecerão Javé. E basta lembrar que "conhecer" não deve ser reduzido a um conhecimento intelectual, mas significa um conhecimento prático que envolve toda a existência do ser humano; uma experiência íntima de todos com Javé. De todo modo é preciso salientar que a nova aliança somente é possível porque Javé perdoa e esquece as culpas e os erros. É o próprio Javé que cria as condições necessárias para que a nova aliança possa, de fato, se realizar. 

Texto: Luiz Alexandre Solano Rossi
Revista Vida Pastoral - Março - Abril de 2015
 -  ano 56 - número 302.

Nenhum comentário: