quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Especial Mês da Bíblia - Mistério da compaixão Jo 11, 1-45


Maria, irmã de Marta e Lázaro é ainda um modelo do feminino na sua capacidade de interceder pelos doentes e os que estão à morte. Ela parte da multidão, ela se recentra, ela se torna capaz de contemplar silenciosamente a presença do Ser. E, nela, esta presença do Ser é compassiva. O fundo do seu ser é feito de compaixão.

Ela vai se interceder aos pés de Jesus, no momento em que morre o seu irmão. Ela diz a Jesus: “Se tu estivesses aqui, o meu irmão não estaria morto”. Então ela chora. O texto evangélico nos diz que as lágrimas de Maria despertam as lágrimas em Jesus. E Jesus também chora por seu irmão Lázaro.

Aí ocorre uma experiência muito interessante. Há alguns lugares, também em nós mesmos, que não existem enquanto o sofrimento não tiver penetrado.  E há alguns lugares, também em nós mesmos, que não existem enquanto as lágrimas não tiverem penetrado.

Maria, através do símbolo das lágrimas, através da manifestação da Água Viva em si mesma, representa o mergulhar em sua profundeza na profundidade da compaixão. E então ela é capaz de interceder pelos outros.

Algumas vezes já tivemos esta experiência. Diante de certas situações de sofrimento, sentimos em nós uma força misturada às nossas lágrimas. Um apelo que vai despertar o Ser em nós mesmos. A pacificação do desejo, em nós, nos conduz à contemplação. O mergulho na profundidade do Ser desperta em nós a compaixão, nos torna capazes de força e de energia, não somente para nos ressuscitar, para nos levantar quando estamos caídos, mas também para levantar aqueles/as que estão caídos/as. Ou para libertar aqueles/as que estão aprisionados/as.

No Evangelho Jesus com voz forte diz: “Lázaro vem para fora! Desatai-o e deixai o ir.” As faixas são apegos que nos impedem o caminhar, que nos impedem de continuar o caminho. 

A compaixão, pois, é uma força de intercessão unida à força de libertação. Reencontrar o outro, lá onde ele/ela está aprisionado/a, a fim de liberta-lo/a, a fim de lembrar-lhe a sua dignidade e a fim de que ele/ela possa se reerguer em sua grandeza, em seu desejo. Esta compaixão deve nos levar a um compromisso real com nossos irmãos e irmãs, se quisermos ser fiéis ao seguimento de Jesus na escuta da Palavra de Deus como Maria e Marta.

Temos uma missão neste mundo, aonde prevalece à cultura da morte é fazer ressuscitar a cultura da vida para Cristo. Este é o nosso Carisma de filhas e Filhos de Deus, como resposta a realidade em que vivemos. Nós somos consagradas / consagrados e doadas/ doados “em Oblação” nesta mística de Redenção deverá sempre inspirar, animar e estimular nossa vida apostólica.

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