quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Despertar o mundo

O papa Francisco, entre tantas coisas belas, sérias e provocantes que vem dizendo em seu pontificado, disse uma frase no encontro com os Superiores Gerais, em Roma, que quero refletir com você: “a vossa missão é despertar o mundo”. É nossa missão sermos despertadores dos que dormem para que saibam acolher Jesus, que deseja ser anunciado. Esta frase do papa chamou à minha memória coisas que quero partilhar com vocês. São três pontos.

Primeiro, o religioso e a religiosa são profetas solitários que devem gritar que o reino de Deus não está somente perto, mas chegou e é necessário estarmos sempre atentos para reconhecer o Cristo que nos visita. Como nos tempos da sua passagem na terra, muitos homens e mulheres esperavam que o messias viesse através de grandes sinais e, no entanto, Jesus estava escondido na sua humanidade de anunciador do bem, de cordeiro que “tira o pecado do mundo”; e passando fazia o bem a todos. Hoje ele continua a se esconder na vida dos mais pobres, dos que vivem a margem da história, dos que vivem na periferia existencial da humanidade. O lema dos que seguem a Cristo será sempre o único e o mesmo: “eu não vim para ser servido, mas para servir!”.

Segundo ponto, o religioso é chamado por Deus a seguir mais de perto Jesus, não apenas com radicalidade – o papa nos recorda que esta deve ser a disposição de todo cristão – o religioso deve segui-lo mais de perto, imitá-lo. Somos chamados a reproduzir a mesma vida de Cristo, a sua ternura, bondade, amor para os pecadores; somos chamados a uma missão que não se escolhe por vontade própria, mas sim, é dom que Deus nos dá.

Os religiosos anunciam o evangelho, como dizia Francisco de Assis “de vez em quando com a palavra, sempre com a vida”. É a vida de cada religioso que deve tornar-se um evangelho vivo que até os analfabetos, os ateus, sabem ler, porque veem no religioso o rosto luminoso do Cristo ressuscitado.

O terceiro e último ponto é recomeçar sempre. Ninguém pode dizer automaticamente que, fazendo os votos de pobreza, castidade e obediência já se tornou pobre, obediente e casto. Nada disso! É um caminho longo, difícil. É necessário recomeçar sempre a nossa caminhada de resposta a Jesus que nos chama. Ele nos consagra e nos “reconsagra” no seu amor. 

Vale a pena ler e meditar as palavras do papa para que nós, religiosos “não sejamos monstros que formam monstros, mas que formam o povo de Deus”, palavras duras mas verdadeiras. O remédio é amargo, mas quem sabe é o que nos cura.

Texto de: Patricio Sciadini – Religioso Carmelita Descalço e sacerdote.
Fonte Revista Rogate-março 2014



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