A Congregação das
Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor nasceu num berço missionário, nosso
fundador Padre José Benito Serra foi um Missionário durante toda sua vida, e nas veias das
irmãs Oblatas corre o desejo, a força e a alegria missionária.
Ser Religiosa
Oblata é viver uma missão diferente, de um carisma é único. A vida da Oblata é dedicada exclusivamente
à Mulher em Situação de Prostituição, dentro de suas diversas demandas, estende-se
também à mulher que é vitima do tráfico de pessoas com a finalidade da
exploração sexual. Uma Missão confiada, a obra de Redenção, numa Oblação
continua ao próprio Redentor.
Nossa Missão de dá no
cotidiano da vida, nas tramas das histórias de encontros e desencontros, feridas
abertas, dores e cicatrizes que o tempo não cura, mas que a presença Oblata se
faz profética e por vezes silenciosamente se torna um toque de Deus.
Eis um desafio
pertinente em nossa missão: Testemunhar o toque de Deus na Salvação que
acontece todos os dias, ser mulher gestadora de vida em plenitude, vivendo com
a alegria e paixão o amor que redime.
Vamos juntas e
juntos acompanhar esta experiência de missão e deste toque de Deus no cotidiano
da vida Oblata, com a história de "Vick" (nome fictício para uma participante do Projeto Oblata) :
“Era dia de festa, ela não estava
para celebração, havia passado no projeto apenas para se arrumar. Eu a conheço da
época em que era uma mulher cheia de vida, sempre muito bem maquiada, cabelo
escovado sem um fio branco, e as unhas pintadas... O alcoolismo sempre esteve
presente, tinha personalidade forte, ou melhor, era uma mulher marcada pela
violência. A vida não lhe poupou, traz em si inúmeros rasgos de dores sofridas ainda na infância. Por diversas vezes ouvimos outras mulheres nos dizendo que a
“Vick” era briguenta, brigava com todas e com todos, inclusive com a equipe da
pastoral. Tinha uma rebeldia nata, tinha horror a horário, dizer não e
contrariar sua vontade; era comprar uma briga.
Neste dia de celebração vi uma
mulher que nem a sombra lembrava a Vick que conheci, fui ao seu encontro com um
sorriso nos lábios e um abraço acolhedor, convidando-a para que participasse conosco da festa. Magra, abatida, com o sorriso triste e uma pequena luz que
por vezes enquanto conversamos e recordávamos o tempo de outrora passava
rapidamente pelo seu olhar. Em determinado momento da conversa disse que desde
que chegou aqui, vem fazendo alguns bicos, mas já não tem se prostituído,
porque quer reconquistar a relação com a filha, e que no momento está
trabalhando em um bar e restaurante, recebendo de R$40,00 a R$50,00 a cada dois
dias que trabalha, de acordo com o movimento. Quando perguntei pela saúde
disse-me que segue tomando o coquetel e aqui também tem feito o acompanhamento
medico. (Vick é soro positivo).
Participou da celebração, lanchou
e na hora de ir embora confidencia que tem se sentido muito sozinha... agradeceu
por eu ter a escutado.“Quando eu vim embora pensei as pessoas que gostam de
mim ficaram lá, e fico feliz porque vocês estão aqui, vocês sempre foram minha família, quando souberam que eu fiquei
doente cuidaram de mim, nunca me abandonaram, nunca me senti excluída no
projeto, agora que sei que vocês estão aqui vou vir mais vezes, eu não estou
mais sozinha. Deus mandou vocês para cá
e eu tenho de novo minha família.”.
Esta
é uma das inúmeras histórias de vida em que ouvimos e acompanhamos em nossos projetos de
missão. E com essa e tantas experiências penso: Que Missão Padre Serra! Que
Força tinha Antônia! Certamente ambos tinham a certeza que a missão a eles
confiadas era árdua, um trabalho de restauradores. Deus é o grande Artista,
Serra e Antônia foram apenas instrumentos e coautores.
Hoje
seguimos sendo cooperadoras na Obra de Redenção, a missão não nos pertence,
somos colaboradoras, mulheres que fizeram a experiência do Sagrado e com o
Sagrado, por isso assumiram a consagração como compromisso de promover a vida,
sendo profetizas da libertação. “Desgastando suas vidas como a vela que se consome
sobre o altar, oferecendo a Deus até que não reste nada a não ser cinza.
"Porque para a Oblata, às Mulheres
para quem elas são chamadas a anunciar o Reino, são a graça de Deus.”
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