Neste mês de abril a Congregação das Irmãs Oblatas celebra mais um ano de presença e missão em Angola.
Entrevistamos a Irmã Dilia Lopes, que está em missão em Angola há 11 anos. Ela nos conta um pouco de sua experiência neste país que vem se reconstruindo após 27 anos de Guerra civil.
- Como foi sua chegada em Angola? Quando fui chamada a participar da comunidade em Angola, eu Vivia na Colômbia, minha terra natal. Mas antes de ir a Angola, estive por seis meses na comunidade Nazaré (Rio de Janeiro). Foi uma experiência rica conviver com as irmãs, e poder me adaptar um pouco com a língua portuguesa. Quando cheguei a Angola tinham duas comunidades (Luanda e Lobito) e as irmãs me receberam muito bem. Foi cerca de um ano o meu processo de adaptação e conhecer a realidade social. Era tudo muito diferente, costumes e língua, mas eu tinha muita vontade de conhecer.
- O que te chamou a atenção no país? A Realidade social em Angola é muito forte. Existe um contraste entre riqueza e miséria, mas frente a isso, o que mais me chamou a atenção foi a Acolhida do povo, com carinho e a felicidade com a chegada de missionárias. É um povo um carinhoso e alegre. A cidade e as pessoas estão em construção, quando cheguei lá, faziam apenas 2 anos do fim da guerra, estavam iniciando um processo de reestruturação social. As pessoas tinham em si um misto de medo e expectativa... Um país começando a se reerguer e com medo do que poderia vir. Outra coisa me que tocou nesta realidade, foi que estando na missão, via muitas jovens em Lobito na rua, jovens desorientadas sem famílias e com muitas doenças, sem formação, menores de idade em situações precárias.
- O que mudou em Angola neste tempo em que vive lá? Pouco a pouco tudo vai se organizando. O país não fez um processo de passagem para absorver a nova realidade e convive com uma invasão estrangeira de muitas culturas, o que interfere no desenvolvimento da sociedade e cultura local. Angola vive uma crise econômica muito forte, muitas empresas deixaram de investir e isso causou muito desemprego. O País é rico em recursos minerais e naturais (como terras férteis e a pesca), mas só apostam no petróleo. Mesmo com as dificuldades econômicas muitas, pessoas buscam a educação; jovens e adultos se formando na universidade, são dispostos a estudar e tentar melhorar sua vida e dos familiares.
- Como é a experiência de missão no país? Quando cheguei para trabalhar no projeto de missão, ainda não havia um local especifico para se trabalhar, abordavam as mulheres nas ruas. Mesmo sem um local próprio para atendimento, as irmãs já tinham um contato com a comunidade e uma aproximação com as autoridades locais. Depois buscaram um lugar próprio da congregação, e o encontraram no centro, onde puderam atender as mulheres. Tivemos ajuda para o projeto se instalar e dar os primeiros passos que nos levam a caminhar até hoje. O contato com as mulheres angolanas me enriqueceu muito e ver as jovens e adolescentes no mundo da prostituição para sobreviver é muito forte. Não tinha convivido com mulheres e crianças com DST’S e AIDS, e foi o que tocou profundamente e, sobretudo ver esses pequenos lutando para sobreviver em meio à miséria. É bonito ver que o carisma da congregação foi semeado nesta terra africana, na esperança de ter continuidade com o povo angolano. E hoje vemos que dá frutos; temos irmãs, vocacionadas e leigos engajados na missão.
- Qual a mensagem que a Senhora deixa para as jovens que querem conhecer a congregação? Toda vocação é valiosa, tem seu sentido de ser na igreja. Responder o chamado de Deus nem sempre é fácil, mas vale a pena lutar pela vocação aonde Deus te chama. Se dê um tempo para conhecer e se apaixonar por Jesus, e seguramente se irão se apaixonar pela missão, porque é a causa de Jesus. A vocação Oblata vale a pena! Não desistam! A vocação é de Deus, as vezes não é fácil, mas Deus dá forças!
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