segunda-feira, 1 de julho de 2019

O que é, afinal, a vida?

Num lindo dia de sol, por volta do meio-dia, fez-se grande silêncio na orla da mata. 
Os passarinhos haviam escondido suas cabecinhas sob as asas, e tudo descansava.
Foi quando o bem-te-vi espiou por entre a folhagem  da árvore e perguntou:
“O que é, afinal, a vida?”
Todos se surpreenderam com essa pergunta difícil. 
O bem-te-vi deixou seu galho, deu uma grande volta pelo campo e voltou, em seguida, ao seu lugar, a sombra da árvore.
Uma roseira, à beira do caminho, estava, nesse momento, abrindo um botão.
Desenrolando uma pétala após a outra, dizia: “A vida é desenvolvimento”.

A borboleta era menos profunda. Voava de uma flor à outra e, beliscando de sua doçura, dizia:
“A vida é só alegria e brilho”.
Por entre o gramado denso, uma formiga carregava uma haste dez vezes mais longa do que ela própria. Numa parada para descanso, ela disse: “A vida é um misto de trabalho e prazer”.
Uma abelha, voltando de sua excursão pelo campo, carregadinha de néctar, observou: “A vida é um misto de trabalho e prazer”.

Ouvindo essas reflexões sábias, o ratão não pode deixar de dar seu palpite:
“A vida? A vida é uma luta no escuro”.
Quase teria dado briga entre os animais, se não tivesse começado a chover. 
E a chuva dizia: “A vida consiste de lágrimas, só lágrimas”.
Muito alto no céu, uma águia perfazia círculos majestosos. 
Ela exultava: “A vida é um esforço para subir”.
Não muito longe da margem, uma árvore já curvada pela tempestade disse: 
“A vida é inclinar-se sob uma força maior”.

Então veio a noite. Silenciosamente, uma coruja deslizava pelo campo em direção à mata. 
Disse: “A vida é aproveitar as oportunidades enquanto os outros dormem”.
Finalmente, o silêncio cobriu o campo e a mata. Após algum tempo, um jovem caiu na relva, cansado de dançar e beber, e disse: “A vida é uma busca constante da felicidade e de uma longa corrente de decepções”.

De repente, a aurora se levantou em todo o seu esplendor e disse: 
“Assim como o dia é um instante da vida, assim a vida é um instante de eternidade”.


Conto sueco.
Fonte: Jornal de opinião.


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