quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Amadurecimento da fé e dom do discernimento

A fé é antes de tudo um dom a ser acolhido e seu amadurecimento é um caminho a ser percorrido. Certamente, porém, acima de tudo isso, vale reafirmar que «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (DC 1; EG 7). 

A partir deste encontro toma forma uma experiência que transforma a existência, orientando-a de forma dialógica e responsável. Ao crescer, todo jovem percebe que a vida é maior do que si mesmo, que ele não controla tudo de sua existência; toma consciência de que é o que é graças ao cuidado que outros, em primeira instância os seus pais, reservaram-lhe; ele convence-se de que, para viver bem, a sua história deve tornar-se responsável pelos outros, repropondo esses comportamentos de cuidado e serviço que o fizeram crescer. Acima de tudo, ele é chamado a pedir o dom do discernimento, que não é uma competência que pode ser construída por conta própria, mas antes de tudo trata-se de um dom a ser recebido, que depois requer um exercício prudente e sábio para desenvolvê-lo. E um jovem que recebeu e sabe como fazer frutificar o dom do discernimento é uma fonte de bênção para outros jovens e para o povo inteiro.

O jovem rei Salomão, quando é convidado para pedir a Deus o que deseja em vista de seu papel decisivo, pede «um coração entendido» (1 Rs 3,9). E a apreciação de Deus não nos faz esperar: «Porquanto pediste para ti entendimento para discernires o que é justo; eis que fiz segundo as tuas palavras» (1 Rs 3,11-12).

De facto, todo jovem é, de algum modo, “rei” de sua própria existência, mas precisa ser ajudado para que possa pedir o discernimento e ser acompanhado para que alcance a plenitude no dom de si. Instrutiva, a propósito, é também a história da jovem rainha Ester que, acompanhada e sustentada pela oração do povo (cf. Est 4,16), renuncia a seus privilégios e coloca em risco com coragem a própria existência para a salvação da sua gente, demonstrando até que ponto a audácia juvenil e a dedicação feminina podem chegar.

Fonte: Instrumentum Laboris. 
Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Pág 31.


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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A Apresentação da Virgem Maria no Templo – 21 De Novembro

De acordo com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, a Igreja Católica celebra o culto à Virgem Santíssima com as Festas de Nossa Senhora, dentro do calendário litúrgico. Ao celebrar o ciclo anual dos mistérios de Cristo, a Igreja celebra a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, pois está unida, indissoluvelmente, à obra de salvação do seu Filho. (Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, § 103).

A Sagrada Escritura não relata o nascimento de Maria Santíssima nem o episódio da sua apresentação no templo. Entretanto, muitos escritos apócrifos e a Tradição, narram, com muitos detalhes, que a Santa Menina, a pedido seu, foi levada por seus pais, Joaquim e Ana, ao templo na idade de três anos, onde se consagrou em corpo e alma ao Senhor. Segundo a mesma tradição apócrifa, ela teria ali permanecido até os doze anos, saindo apenas para desposar São José.

Imagem: reparatoris.wordpress.com
O Papa Paulo VI, em sua exortação apostólica Marialis Cultus (I PARTE § 8), escreveu que “apesar de seu teor apócrifo, a história da Apresentação propõe conteúdos de elevado valor exemplar e continuam veneráveis tradições, radicadas sobretudo no Oriente”.

Segundo a Tradição, no templo havia um colégio para meninas pobres que recebiam, ali, sólida instrução, além de servir a Deus por meio dos seus trabalhos, estudos e piedosas práticas. À luz do que conhecemos, entendemos que também a infância e a adolescência da Mãe de Deus deveriam ter sido momentos importantes, totalmente marcados pela Graça Divina.

A liturgia aplica à Virgem Santíssima algumas frases dos livros sagrados relativamente à Apresentação de Maria no templo:

“Assim fui firmada em Sião; repousei na cidade santa, e em Jerusalém está a sede do meu poder. Lancei raízes no meio de um povo glorioso, cuja herança está na partilha de meu Deus; e fixei minha morada na assembleia dos santos. (Eclo 24, 15-16).

Elevei-me como o cedro do Líbano, como o cipreste do monte Sião; cresci como a palmeira de Cades, como as roseiras de Jericó. Elevei-me como uma formosa oliveira nos campos, como um plátano no caminho à beira das águas (Eclo24, 17-19).

A festa da Apresentação da Virgem Maria no Templo expressa sua pertença exclusiva a Deus e a completa dedicação de sua alma e de Seu corpo ao mistério da salvação, que é o mistério da aproximação do Criador às suas criaturas. Além de festejar um acontecimento da vida de Nossa Senhora, a festa da Apresentação quer nos recordar também, o período que vai do Seu nascimento até a Anunciação do Anjo. Ao celebrá-la, a Igreja quer clarificar, tanto quanto possível, o silêncio existente na Sagrada Escritura acerca do primeiro período da vida de Maria Santíssima.

A memória da apresentação de Maria nos mostra que Ela estava preparada para sua missão desde a infância, motivada pelo Espírito Santo, de cuja graça estava repleta desde a sua imaculada concepção.

Rezemos a Nossa Senhora:

Ajudai-me a amar o Vosso Deus com toda a minha alma, com todas as minhas forças, Virgem Santíssima, menina sem mácula, auxiliai-me com a vossa bênção. Amém.




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terça-feira, 20 de novembro de 2018

Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo projeto Lei nº 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Apenas em 2011 a Lei 12.519/2011 foi sancionada e oficializa a data de 20 de novembro em todo o país, sem obrigatoriedade de feriado.

Esta data relembra a história de Zumbi, um africano que nasceu livre, mas foi escravizado aos seis anos de idade. No período do Brasil colonial, Zumbi simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofriam os africanos. Ele se tornou líder do Quilombo dos Palmares, e morreu em 20 de novembro de 1695 enquanto defendia a sua comunidade e lutava pelos direitos do seu povo.

O objetivo do Dia da Consciência Negra é fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana no Brasil. Também serve para analisarmos o impacto que tiveram no desenvolvimento da identidade cultural brasileira.

A música, a política, a religião e a gastronomia entre várias outras áreas foram profundamente influenciadas pela cultura negra. Este é um dia de comemorar e valorizar a cultura afro-brasileira.

Texto com adaptações.



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terça-feira, 13 de novembro de 2018

A porção feminina de Deus

Certa madrugada insone, retomei meu trabalho costumeiro ao computador. De repente, pretendi ter ouvido, não sei se do mundo celestial ou se de minha mente em estado alterado, uma voz, em forma de sussurro, que me dizia: “Filho, vou te revelar uma verdade que estava sempre lá, no meu evangelista Lucas, mas que os olhos dos homens, cegados por séculos de patriarcalismo não podiam enxergar”.

“Trata-se da relação íntima e inefável entre Maria e o Espírito Santo”. E a voz continuava sussurrando: “aquele que é terceiro, na ordem da Trindade, o Espírito Santo, é o primeiro na ordem da criação. Ele chegou antes ao mundo; só depois veio o Filho de Deus. Foi o Espírito Santo, aquele mesmo que pairava sobre o caos primitivo e que de lá tirou todas as ordens da criação. Pois desse Espírito Criador, se diz pelo meu evangelista Lucas:’ virá sobre ti, Maria, e armará sua tenda sobre ti; por isso, o Santo gerado será chamado Filho de Deus”. “Armar a tenda”, como sabes, significa morar definitivamente. Se Maria, perplexa, não tivesse dito o seu “sim”, faça-se segundo a tua palavra, o Filho não ter-se-ia encarnado e o Espírito não ter-se-ia feminilizado”.

“Vede, filho, o que lhe estou dizendo: o Espírito veio morar definitivamente nesta mulher, Maria. Identificou-se com ela, se uniu a ela de forma tão radical e misteriosa que dela começou a se plasmar a santa humanidade de Jesus. O Espírito de vida produziu a vida nova, o homem novo, Jesus. Para ti e para todos os fiéis é claro que o masculino através do homem Jesus de Nazaré foi divinizado. Agora, vá lá no evangelho de São Lucas e constatarás que também o feminino, através de Maria de Nazaré, foi divinizado pelo Espírito Santo. Ele armou sua tenda, quer dizer, veio morar para sempre nela. Repare que meu evangelista João diz o mesmo do Filho: ‘Ele armou sua tenda em Jesus”.

“Não é o Espírito”, sussurra a mesma voz, “que toma o profeta para alguma missão específica e cumprida, termina sua presença nele. Com Maria é diferente. Ele vem, fica e não a deixa mais. Ela é elevada à altura do Divino Espírito Santo. Daí que logicamente, ‘o Santo gerado será chamado Filho de Deus’. Somente quem foi elevado à altura de Deus pode gerar um Filho de Deus. É o caso de Maria. Não sem razão, é a “bendita entre as mulheres”.

“Filho, eis uma verdade que deves anunciar: por Maria Deus mostrou que além de ser Deus-Pai é também Deus-Mãe com as características do feminino: o amor, a ternura, o cuidado, a compaixão e a misericórdia. Estas virtudes estão também nos homens, mas elas encontram uma expressão mais visível nas mulheres”.

“Filho: ao dizeres Deus-mãe descobrirás a porção feminina de Deus com todas as virtudes do feminino. Não deves esquecer nunca que as mulheres jamais traíram Jesus. Foram-lhe fiéis até ao pé da cruz. Enquanto os homens, os discípulos, fugiram, Judas o traiu e Pedro o negou, elas mostraram um amor fiel até o extremo. Elas, antes dos apóstolos, foram as primeiras a testemunharem a ressurreição de Jesus, o fato maior da história da salvação”.

“O feminino de Deus não se esgota em sua maternidade, mas se revela no que há de intimidade, de amorosidade, de gentileza e de sensibilidade, perceptíveis no feminino”.

“Não permita que ninguém, por nenhuma razão, discrimine uma mulher por ser mulher. Aduza todas as razões para respeitá-la e amá-la, pois ela revela algo de Deus que somente ela pode fazer, sendo junto com o homem, a minha imagem e semelhança. Reforce suas lutas, recolha as contribuições que traz para toda a sociedade, para as Igrejas e para um equilíbrio entre homens e mulheres. Elas são um sacramento do Deus-Mãe para todos, um caminho que os leva à ternura de Deus. Oxalá as mulheres assumam sua porção divina, presente numa companheira delas, em Maria de Nazaré. Mas o dia virá em que cairão as escamas que encobrem seus olhos. E então, homens e mulheres, nos sentiremos também divinizados pelo Filho e pelo Espírito Santo”.

Ao voltar a mim, senti na clareza de minha mente, o quanto de verdade me tinha sido comunicado. E comovido, enchi-me de louvores e de ações de graça.

Leonardo Boff  escreveu O rosto materno de Deus, Vozes 1999.






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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Cristo “jovem entre os jovens”


Imagem: ACI Digital
A juventude é uma idade da vida original e entusiasmante, pela qual o próprio Cristo passou, santificando-a com a sua presença. Ireneu de Lião nos ajuda a esclarecer esta realidade, quando afirma que Jesus «sem renegar nem ultrapassar a humanidade, não aboliu em si a lei do gênero humano e santificou todas as idades, por aquela semelhança que estava nele. Veio para salvar a todos mediante a sua pessoa, todos, digo, os que por sua obra renascem em Deus, crianças, meninos, adolescentes, jovens e adultos. Eis por que passou por todas as idades, tornando-se criança com as crianças, santificando as crianças; com os adolescentes se fez adolescente, santificando os que tinham esta mesma idade e tornando-se ao mesmo tempo para eles o modelo de piedade, de justiça e de submissão. Jovem com os jovens, tornou-se seu modelo e os santificou para o Senhor» (Contra as heresias, II, 22.4). Jesus, portanto, “jovem entre os jovens”, quer encontrá-los caminhando com eles, como fez com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Quer ainda hoje oferecer a Si mesmo para que cada um deles tenha vida em abundância (cf. Jo 10,10).

Fonte: Instrumentum Laboris. 
Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Página 29.




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terça-feira, 6 de novembro de 2018

Curiosidades da Santa Missa

Qual o Significado de colocar um pouco de água no cálice com vinho durante a celebração Eucarística?

É um rito simples, mas que tem um grande significado, haja vista sua relação com Cristo e com a Igreja, ou seja, com Cristo e nossa humanidade. Isso nos leva a contemplar que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem; jamais nos cansaremos de afirmar essa realidade, pois é o fundamento da fé cristã.

Podemos fazer um paralelo desse rito da água e do vinho na celebração da Santa Missa com o primeiro milagre realizado por Jesus, transformando água e vinhos nas bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12). Consideramos que Jesus não está alheio às nossas necessidades, mas entende e participa plenamente de nossa humanidade. Para ilustrar isso podemos citar um trecho de uma homilia de São João Paulo II: "Eis que a água, nossa bebida mais comum, ganha pela ação de Cristo um novo caráter: torna-se vinho, portanto uma bebida, de certa forma, mais valiosa. O sentido desse símbolo - da água e do vinho - encontra a sua expressão na Santa Missa. Durante o ofertório, unindo um pouco de água ao vinho, pedimos a Deus por intermédio de Cristo participar da sua vida no sacrifício eucarístico" (São João Paulo II, homilia na Catedral de São Sebastião, Rio de Janeiro, em 4/10/1997).

Santo sacrifício, porque atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou também, santo sacrifício da Missa, sacrifício de louvor, sacrifício espiritual, sacrifício puro e santo, pois realiza e supera todos os sacrifícios da antiga aliança (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1.330).

"A Eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa da oferta de sua cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua intercessão junto ao Pai por todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo se torna também o sacrifício dos membros de seu corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua oração, seu trabalho são unidos aos de Cristo e á sua oferenda total e adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo, presente sobre o altar, dá a todas as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta" (Catecismo da Igreja Católica, 1.368).

Assim, que essa união da água ao vinho nos leve a unir nossa vida à vida de Cristo, transformando-nos, para que possamos viver por Cristo, com Cristo e em Cristo.


Valdeci Toledo
Fonte: Revista Ave Maria - Agosto, 2018



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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Celebrar nossa vocação ao céu

Quando estudamos sobre liturgia e suas dimensões escatológicas, falamos dos santos como nossos irmãos que viveram a fé, procurando praticar o bem e evangelizar os irmãos. A santidade fundamental e absoluta de todos os cristãos é Jesus Cristo. Ele é o santo único e modelar de todo os povos e de todos aqueles que buscam o amor de Deus para serem felizes. 

São muitos os santos, são mesmo incontáveis, e todos os fiéis devem se inspirar neles para seguir o caminho do bem e do amor, e celebramos sua vida e exemplo para lembrar que somos todos convidados à santidade e somos levamos a antecipar os dons escatológicos de nossa fé. 

Celebrar os santos, mártires e nossos falecidos são uma expressão de fé da cultura dos fiéis. Isso nos leva a vivenciar a experiência celestial, antecipar os bens espirituais do céu na terra, e a não perder a centralidade do mistério pascal, que é a essência da liturgia cristã.

Esta proposta faz com que os fiéis se preocupem com o mistério de Cristo, sobretudo em sua paixão, morte e ressurreição. 

Trazer à memória de cada santo é lembrar que aquela história de vida se tornou modelo do seguimento do Filho de Deus, e assim como nossos mortos, nos recordar e celebrá-los é revelar a unidade entre o céu e a terra, na esperança da ressurreição, pois quando partimos deste mundo onde vivemos como peregrinos, continuamos nossa existência no plano divino.

Viver a esperança na ressurreição é a grande alegria para cada cristão, pois somos todos vocacionados para a eternidade e chamados por Deus para ir ao seu encontro; Vim de Deus, voltarei a Deus para sempre.

As famílias, mesmo as mais afastadas das práticas litúrgicas, procuram os sacerdotes e ministros das exéquias, para encomendar seus mortos para Deus. Como a criança entrou no mundo pela bênção batismal, ele volta para Deus por um ritual de passagem, pelas mãos dos ministros as Igrejas.

É um instante muito profundo da fé cristã, pelo qual a vocação para vida se revela mais grandiosa e feliz. Ouvimos o chamado de Deus para viver em seus caminhos e no final da vida Ele nos chama para habitar para sempre com Ele em sua morada celestial.

Texto com Adaptações. 
PE. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen – PODP /
 Autores de Novos Tempos da Celebração cristã. Paulus: 2014.




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