quarta-feira, 30 de maio de 2018

Vida e Missão de Madre Antonia - A missão crescia e o preconceito também

A informação da fundação do trabalho com as mulheres não agradou o ambiente da rainha Governadora. Seus melhores amigos, os irmãos Rubios, apresentaram doze inconvenientes para mostrar que a obra não convinha nem ao bispo nem a ela, “tendo chocado não pouco” na casa de Maria Cristina. Um ano depois, o próprio Duque de Riánsares, marido de Maria Cristina, também deixou claro que não estavam de acordo: sua preparação, sua cultura, sua posição social, sua espiritualidade e sua elegância podiam “ser empregadas em coisas mais úteis à humanidade e à própria religião”. 

O simples contato com as prostitutas é uma mácula e sua mera recordação, origem de “maus pensamentos”. Para demonstrar-lhe isso, não vê inconveniente algum em interpretar a vida de Jesus de maneira cínica: “Jesus Cristo não converteu mais que uma (Madalena) e já sabemos o que lhe aconteceu. Que acontecerá à senhora que a tantas fala, não no parapeito do poço, mas quando estão dentro dele e é preciso estender-lhes a mão para expô-las à luz dos santos preceitos?... Jesus Cristo veio ao mundo para buscar e converter os pecadores, mas não para encerrar-se com eles; eles o mandava à piscina para que se purificassem e continuava a sua pregação.”

Ela não podia abandonar o empreendimento. Estava decidida a continuar ao lado da mulher marginalizada “em compromisso solidário para viver com ela a libertação”, e esse compromisso chegava até o limite, até a oblação. 

Antonia sofreu muito com a desconfiança dos amigos que fizera quando era preceptora da família Real. Como poderia fazê-los compreender que, embora difícil, sua opção em nada se parecia com o que lhe diziam? Só existia um caminho: demonstrar-lhes com sua vida que acolher as prostituídas não mancha; pelo contrário, prolonga na Igreja a solicitude amorosa do Bom Pastor, que não pronunciou uma única palavra contra a ovelha perdida, que a pôs sobre os ombros e voltou feliz com ela. Os amigos de verdade acreditaram nela.


Fonte: Antonia Maria da Misericórdia, oblação e serviço das mais pobres.




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quarta-feira, 23 de maio de 2018

Vida e Missão de Madre Antonia - Espiritualidade Redentorista na Vida de Antonia

A relação com a espiritualidade Redentorista aparece muito cedo na vida de Antonia. O primeiro livro que sua mãe incentivou a ler foi a Prática do Amor a Jesus Cristo, obra de Santo Afonso Maria de Ligório e o segundo, as Verdades Eternas. 

Em sua inesquecível Friburgo, ela visitou muitas vezes, o Padre Nicolás Maurón, suíço como ela, superior da comunidade. Em Roma, encontraram-se várias vezes e prolongaram a amizade que agora se consolida.

Antonia pertence à Família Redentorista, sobretudo porque desejou tornar seu o carisma desta e adaptar as Oblatas sua regra de vida e sua missão apostólica na Igreja. À luz desses carismas, ela leu os acontecimentos dolorosos e felizes dos últimos anos, viu neles a presença do Espírito e pronunciou de novo o Fiat. Sim, formaria uma comunidade de mulheres novas “reunidas em torno de Jesus Cristo Redentor”, consagradas ao Pai em oblação total e dedicadas a acolher em sua casa as mulheres rejeitadas por todos para demonstrar-lhes que a elas pertence à Boa Nova, que Deus as ama com ternura.

No dia 9 de junho de 1867, Padre Nicolás Maurón, Superior Geral dos Redentoristas, concedeu a Antonia “e suas futuras companheiras” o título de Oblatas da Congregação do Santíssimo Redentor. Dessa forma, elas ficavam vinculadas à Congregação missionária fundada por Santo Afonso para anunciar aos mais pobres a Boa Nova de que Deus os ama. Mais tarde, ela receberia o hábito, a regra e o ícone missionário do Perpétuo Socorro, conservado na igreja de Santo Afonso de Roma.

Fonte: Antonia Mª da Misericórdia – Oblação e serviço das mais pobres.




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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Vida e Missão de Madre Antonia - Presença de Maria na vida de Antonia

Dada à situação da mulher no século XIX, foram muito poucas as que tiveram acesso aos meios de comunicação. Antonia o fez com frequência para falar de Maria. 

Maria ocupa um lugar privilegiado na espiritualidade de Antonia. Sua figura surge da raiz mais profunda, a Palavra de Deus e os padres da Igreja: é a anunciada pelos Profetas, a Mãe, por dar-nos seu Filho e por entregar-nos o Filho cravado na cruz; mas é também a mulher forte, a que não se abate na dor e na solidão, a que sabe construir comunidade. 

Maria, não é só contemplação e oração; é exemplo a seguir para tornar-se, como ela, generosidade, acolhida, canto de libertação e alegria no seguimento de seu filho.

No itinerário espiritual de Antonia, estão assinaladas diferentes etapas de referência mariana: desde menina, ela se identificou com a Imaculada; quando jovem, viveu de maneira próxima a proclamação do dogma; em sua etapa de maturidade, escolheu “como confidente”, Nossa Senhora do Bom conselho; como padroeira do primeiro asilo, Nossa Senhora do Consolo; e como padroeira de toda a sua obra, a Mulher dolorosa da Paixão, Nossa Senhora do Perpetuo Socorro.

Por fim, Antonia descobriu uma maneira pessoal de ver Maria, maneira que os escritores marianos e a espiritualidade mal destacaram; isso se explica por tratar-se de uma imagem menos “doce” do que a habitual, bem como menos conformista: Maria que acolhe Madalena “como amiga e companheira”.
Tampouco no grupo de seguidores de Jesus se confiou muito nessa mulher a quem Jesus concedeu especial protagonismo.

A comunidade oblata reúne-se em torno de Maria como a primeira comunidade fiel. É ela quem mais sabe do Espírito, a quem melhor escuta, acolhe, a que confiou em Deus em meio à obscuridade, a que fez de sua vida um sim às bem aventuranças, ao coração mais pobre; por isso, ela cantou, com prazer, a misericórdia do Senhor recaindo sobre todos os pobres.

Fonte: Antonia Maria da Misericórdia – Oblação e serviço das mais pobres.



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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Por que é difícil discernir o que se quer da vida?

Quando falamos sobre vocação é comum escutar aquela frase que diz: “Não há crise de vocações, mas crise de respostas”. E se paramos para pensar, isso é meio óbvio, porque se todos somos criados por Deus, todos temos vocação. O único jeito de faltar vocações é, portanto, se Deus dissesse um basta para a criação. O que essa frase realmente quer dizer é que as pessoas, chamadas as diversas vocações, não estão respondendo bem a esse chamado, que não é outro que o chamado a ser feliz.

Imagem: Papo Sincero
Parece lógico pensar que se Deus nos chama para a felicidade, o único que precisamos fazer é acolher e viver esse chamado. Dessa forma, todos seríamos felizes. Mas se olhamos para o lado, vemos que as coisas não são assim. Vemos pessoas infelizes, sem rumo, apostando a vida por outras coisas que não trazem a realização almejada. E muitas vezes essas pessoas infelizes somos nós mesmos. Se é tão lógico ser feliz respondendo o chamado de Deus, porque é tão difícil assim entregar nossa vida a Ele?

Somos de uma época que vende um ideal de felicidade que é o extremo oposto do ideal de felicidade que nos propõe Jesus em seu Evangelho, em sua Boa Nova. Conseguiram fazer com que esse desejo autêntico de viver uma vida plena se desvirtuasse em uma busca pelo prazer, pelo ter e pelo poder. Isso não é algo novo, as concupiscências estão claramente demarcadas nos Evangelhos, mas em nossa época essa desvirtuação parece tomar enormes proporções. Talvez seja apenas o nosso ponto de vista (Quando olhamos uma coisa muito de perto, ela parece maior do que é), mas não podemos negar que a Felicidade que nos propõe Jesus é radicalmente diferente daquela que o mundo nos propõe.

Que felicidade é essa que Jesus propõe? Poderíamos resumir em uma vida nova. A vida cristã. Mas para que fique ainda mais claro, podemos abrir nossas bíblias no capítulo cinco de São Mateus e ler as bem-aventuranças. Esse é o programa de felicidade de Jesus. E se as lemos com um pouco de atenção, veremos que realmente não compaginam com a felicidade do mundo. Nelas Jesus proclama bem-aventurados os pobres, os mansos, os puros, os que choram, os perseguidos, os que promovem a paz e os que tem fome e sede de justiça. Realmente não é exatamente o que vemos exposto nas propagandas do mundo que nos vendem outra felicidade.

Por isso é tão difícil responder a nossa vocação. Porque optar por Jesus significa necessariamente morrer. Morrer para tudo aquilo que nos faz menos pessoas, que diminui nossa dignidade, que nos faz viver iludidos e perdidos. Mas porque estamos tão apegados a essa vida antiga, morrer nos custa muito e não é exatamente agradável. Por isso ficamos muito tempo com um pé em Jesus e o outro no mundo, fazendo joguinhos do tipo: “Até onde posso ser mundano sem deixar de ser cristão”. As vezes sabemos o que temos que fazer, mas simplesmente não conseguimos fazer ainda. Mas até que não nos lancemos nos braços de Deus com toda confiança, não conseguiremos responder nossa vocação, seja ela qual for. Para que o grão possa dar frutos, ele precisa morrer.

Fonte: A12.com


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sexta-feira, 11 de maio de 2018

208 anos de nascimento de José Maria Benito Serra

Dia 11 de maio marca o nascimento de José María Benito Serra, que ao lado de Madre Antonia, fundou a Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor.

Como um discípulo de Jesus, se sensibilizou com a situação das mulheres que sofriam com o estigma da prostituição e se encontravam em situação de extrema vulnerabilidade no subsolo do hospital São João de Deus, na cidade de Madrid-Espanha, afetadas por doenças e discriminação. 
Ouvir a confissão dessas mulheres, com atitude fraterna, abençoando e acolhendo as suas dores eram ações ousadas e necessárias para dar esperança a quem estava à margem da sociedade. Seguindo os passos de Jesus Redentor, ele se baseou na misericórdia, no amor ao próximo e no olhar humano para seguir com a sua obra, a qual damos continuidade com a Missão Oblata.


"Não é necessário ter medo, 
Deus está acima de tudo. Ânimo!"




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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Vida e Missão de Madre Antonia - A missão necessitava de uma Congregação Religiosa.

Inicialmente Antonia e Padre Serra não queriam fundar uma Congregação, mas sim uma obra social, animada por valores evangélicos. Com a casa inaugurada e a missão em andamento, eles buscavam Congregações Religiosas que pudessem colaborar na missão, na parte espiritual, mas os acontecimentos levaram Antonia a descobrir que Deus a queria fundadora. Ela sabia que única saída era confiar plenamente em Deus, na providencia, tal como aprendeu com sua mãe. Ela vivia uma fase de abertura ao Espírito que não teria igual na sua vida, e se deixa conduzir aonde Ele a convida.

Pensa no futuro e, longe de abandonar, começa a intuir que o futuro é novidade, criação: Descobriu a presença do Deus invisível na mulher ferida e machucada da rua, e se ofereceu em oblação perfeita, ao seu serviço para sempre. A opção pela mulher marginalizada é algo difícil, são necessárias mulheres novas, capazes de colocar todo o seu amor a serviço de pessoas que não conheceram o amor ou se sentem feridas e atingidas pelo amor mercenário, a forma mais brutal de exploração da mulher. Mulheres capazes de assumir as atitudes do bom pastor.

Fonte: Antonia M da Misericórdia – oblação e serviço dos mais pobres




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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Juventudes na globalização da indiferença

A juventude corresponde atualmente a uma parcela significativa da sociedade, vive em diversas realidades e demanda um olhar sobre as condições reais que lhes são oferecidas para a realização de seu projeto de vida, sua socialização e inserção na educação, na sociedade e no mercado de trabalho. A juventude busca valores, comportamentos, tem visões de mundo, interesses e necessidades. É a fase da vida em que acontecem descobertas; o jovem se insere no meio social, busca seus interesses, tem perspectivas de vida, procura o novo, vislumbra horizontes. A juventude tem vários jeitos, cores, sotaques e formas de ser, e isso a diversifica e a deixa mais bonita. A juventude é plural. Na verdade, podemos falar de ‘juventudes’.
Olhar para a juventude na globalização é começar a perceber
 e entender sua essência, pois vivemos em um mundo tecnológico.

A globalização é um processo econômico e social que estabelece uma interação entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatros cantos do planeta. Por exemplo: um aspecto que é local pode, pelas redes socais, se tornar mundialmente conhecido. Ou, uma realidade que é específica de uma cultura, passa a ser acolhida por muitos pelo mundo.

Como viver a proximidade no mundo das comunicações digitais? Olhar para a juventude na globalização é começar a perceber e entender sua essência, pois, vivemos em um mundo tecnológico, no qual os jovens estão em contato com uma vasta tecnologia simultaneamente. Temos internet, Televisão, celulares, aplicativos, rádios, etc. O contato com todas essas tecnologias transforma os jovens. Os jovens estão conectados com o real e o virtual, têm acesso a uma enxurrada de informações. No meio desse turbilhão, como discernir o que é certo ou errado? Quais informações acolher? As atitudes, jeitos, comportamentos, forma de pensar são influenciados pelo mundo globalizado, fazendo com que alguns jovens não percebam que vivem em uma sociedade que tem problemas; e a mídia deixa as pessoas alienadas, à margem, sem perceber o que está a sua volta.

Nesse sentido, percebe-se que existe a indiferença, muitos jovens veem o que está a sua volta, mas não se envolvem com as situações que lhe são apresentadas. O que se vê é a falta de interesse de muitos jovens, cada vez mais sem atenção, tornando-se indiferentes as situações de fragilidade nas proximidades do seu viver. Essa indiferença se torna cada vez mais frequente. Ser indiferente é uma possibilidade infeliz de nossa humanidade. Mas daí que ela se torne global é um fenômeno que grita aos céus. Com isso, ao perceber uma pessoa afogando, por exemplo, corre-se o risco das pessoas que se encontram por perto ficarem mais preocupadas em tirar fotos do que socorrer o afogado.

Para um jovem cristão a parábola do bom samaritano (Lc 10-25-37) provoca uma crise ante o fato da indiferença. O bom samaritano é aquele que se coloca a serviço, que se solidariza e que cuida. O samaritano foi uma pessoa boa, demonstrou no seu gesto de ajudar a uma pessoa que precisava o verdadeiro sentido de amor ao próximo. Essa parábola inspira muitos jovens a se comprometer com um projeto maior, um projeto de vida que cria solidariedade com os próximos, mas sem deixar de perceber o global da vida. Por aí vemos, tantos projetos que lidam com as realidades locais, mas que divulgados criam a globalização da solidariedade, como o bom samaritano, que tem compaixão; estava no seu caminho e parou, pensou e agiu ajudando a quem precisava.

É importante ter consciência que os jovens são protagonistas, despertar neles o protagonismo juvenil. Os jovens têm utopias para a sociedade, jovens que demonstram o que querem, suas demandas e seus sonhos. São jovens que deixam o Evangelho quebrar a indiferença que nos rodeia e, movidos de compaixão, assim como Jesus, promovem ações em favor das pessoas, as quais a sociedade não mais enxerga ou se tornaram um problema. Que os projetos de vida possam se inspirar na misericórdia que aproxima e cuida!

Ludymilla Yanna Antero da Silva 
Pe. Sebastião Corrêa Neto 

Fonte: Revista Rogate, março 2018.



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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Vida e Missão de Madre Antonia - O Sonho se torna realidade.

Vencida então toda resistência e a partir de seu sim; Antonia discerniu com clareza a sua vocação, e viu sua vida se transformar de maneira radical na doação com toda a generosidade à Obra, que segundo o que disse Leão XIII “não é somente obra de caridade, mas de redenção”. Antonia e Padre Serra puseram-se de acordo para começar a nova obra de Deus, e iniciaram a procura de uma casa para acolher as moças que saiam do Hospital São João de Deus.

Em junho de 1864 tudo estava disposto para acolher as jovens e mulheres recém saídas do hospital numa casa, em Ciempozuelos, cidade próxima de Madrid. O Projeto da Casa de Acolhida recebeu o nome de Nossa Senhora do Bom Consolo e foi iniciado com duas mulheres. Ali começou e continuou a sua obra na maior pobreza, numa casinha alugada, que logo se tornou pequena demais.

Neste processo de mudança da vida de Antonia, ela descobriu a grandeza e a dignidade da mulher prostituída e lhe abriu sua casa: “são almas criadas por Deus à sua imagem e resgatadas por seu sangue”; mas o grito profético que supera os esquemas religiosos para tornar-se denúncia social e pôr em evidencia uma angustiante situação de injustiça, de abandono e de exploração que solapa a esperança quando todas as esperanças estão à flor da pele.


Fonte: Fonte: Antonia de Oviedo y Shöntal, 2004 
Duas Histórias... Um único caminho, 2010
Para uma Juventude Livre. Padre Serra e Madre Antonia, 1985





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