quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Bíblia: Um Novo estilo de Viver e Pensar a Vida - A nova justiça

Jesus passa a descrever as práticas do serviço a Deus. E o eixo dessa prática é a vivência da justiça do reinado de Deus, isto é, a vontade de Deus. De outro lado, sabemos que uma sociedade que se estrutura para garantir, sob todos os meios, o acúmulo de propriedades e de bens é intrinsecamente injusta, causando miséria e violência. Dessa forma, também gera preocupação e angústia nas pessoas que não têm o que comer, o que beber ou com que se vestir.

Jesus sabe do significado do pão, da água e das vestimentas na vida do povo. Sabe também que o povo anda preocupado com o que comer, beber e se vestir. E igualmente tem consciência de que a questão vai além da luta pelas necessidades imediatas. 

Confiar em Deus e entregar-se à sua providência é uma atitude fundamental. Mas não é suficiente. Por isso, Jesus vai mais longe. Ele sabe que a fome é consequência de uma sociedade injusta que não quer partilhar.

Convém, aqui, recordar uma fala de Dom Hélder Câmara: “Quando dou pão aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que há pobres, me chamam de comunista”. Também Jesus tinha consciência disso. Essa é a razão por que insiste em não consumir todas as energias na luta diária para satisfazer as necessidades básicas. Há uma luta maior. E essa luta é por um projeto de sociedade, de novas estruturas que garantam a todas as pessoas o acesso aos bens básicos para ter vida em abundância, vida digna. Por isso, Jesus nos convoca com um imperativo: Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas (Mateus 6,33). É um projeto novo, com novas estruturas, mais justas, embora simples, sem roupas luxuosas, nem celeiros para acumular.

É preciso confiar no amor de Deus e na solidariedade das pessoas, engajando-se na construção de uma sociedade justa. O texto nos convida a refletir e a buscar o significado mais profundo da vida no que é essencial. E a essência é ocupar-se com o Reino de Deus e a sua justiça.

E você, de que lado está? 

Por Ildo Bohn Gass, biblista, assessor e autor do CEBI.
Com adaptação feita por Ir. Sirley
Fonte: CEBI

sábado, 23 de setembro de 2017

Tráfico de pessoas no Brasil

O tráfico de pessoas é um dos maiores problemas na sociedade atual e representa um tema de grande importância para o Brasil e no mundo. Segundo a Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC), todos os anos, 800 mil a 2,4 milhões de pessoas são vítimas do tráfico internacional de pessoas. De acordo com essa organização, esse tipo de crime já lidera o segundo lugar na posição mundial de maior renda por ano. Atrás do tráfico de drogas e na frente do tráfico de armas.

O tráfico de pessoas é um fenômeno social que envolve o deslocamento de pessoas através do engano, da coerção ou do aproveitamento de sua condição de vulnerabilidade social, com a intenção de explorá-la no destino final, obtendo beneficio financeiro. Essa exploração pode ser no mínimo, sexual, trabalho forçado, casamento forçado e venda de órgãos. 

O Brasil caracteriza-se por ser um país principalmente de origem de vítimas de tráfico de pessoas; em um grau menor, também é um país de trânsito e destino para pessoas traficadas. Caracterizado ainda pela existência de tráfico internacional de pessoas, principalmente para a exploração sexual de mulheres e meninas brasileiras, em todas as partes do Brasil, mais de 250 mil crianças são envolvidas com a prostituição ao nível nacional. Também foi verificado que existem vítimas masculinas, conforme o relatório americano anual sobre o Tráfico de Pessoas – 2011. Outra modalidade de tráfico com destino no Brasil é o trabalho forçado de mulheres, crianças e homens da Bolívia, do Paraguai, do Peru e da China são comumente explorados em confecções e tecelagens clandestinas, com concentração em São Paulo.

Pesquisas realizadas apontam para um número significativo de mulheres e transexuais brasileiras no exterior, vítimas de tráfico internacional, principalmente para fins de exploração sexual em vários países como: Espanha, Itália, Portugal, Reino Unido, Holanda, Suíça, França e Alemanha, Estados Unidos, Japão, Suriname, Guiana Francesa, Guiana e Venezuela. 

O perfil das vitimas é variado, mas algumas características em comum são: a pobreza, desestruturação familiar, abusos dentro e fora da família e problemas financeiros.

Vemos que essa questão do tráfico de pessoas é uma rede muito grande e muito organizada, gerando muitas vítimas. É importante estarmos em constante atenção, pois há muitas pessoas desaparecidas que se enquadram nesta rede de tráfico. 


Texto com adaptações.
Fonte: Jornal da Pastoral da Mulher de Belo Horizonte (MG) - Outubro 2014.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Bíblia: Um Novo estilo de Viver e Pensar a Vida

A Bíblia oferece alicerce importante para que possamos nos desenvolver e cultivar a harmonia com todos os seres criados, possibilidade que a comunidade humana possa auto gestar e compreender-se desde a centralidade da Palavra de Deus.  

No Evangelho de Mateus 5, o Sermão da Montanha, vamos perceber a preocupação em torno da necessidade de buscarmos um novo estilo de vida, um novo jeito de estabelecer relações com todas as criaturas, de modo que possamos recuperar a vida como obra de arte que é bela e precisa ser vivida intensamente e com um sentido profundo.

Em Mateus 6, Jesus apresenta uma economia que gera vida. Ele fala da solidariedade desinteressada para com os mais pobres (vv. 2-4), da partilha do pão cotidiano (v. 11) e do perdão de dívidas (v. 12). Em seguida, Jesus apresenta a economia de Deus em confronto com o projeto de quem serve ao dinheiro (Mateus 6,19-34). Aqui, Jesus vai ao ponto central da nossa condição humana: deixar-se levar pela cobiça e servir à riqueza ou deixar-se conduzir pelo dinamismo do amor e servir a Deus. São dois modelos econômicos, duas formas de organizar a sociedade. Uma tem como base o poder da riqueza, que gera angústia, fome, preocupações e injustiças. A outra prioriza uma estrutura social que privilegia a justiça do reinado de Deus, gera dignidade, alegria e vida cidadã.

Em Mateus no versículo 24, Jesus revela a essência da economia de Deus. Não é um projeto econômico em que as pessoas gastam sua vida na luta pela sobrevivência, pelas necessidades fundamentais, tais como comer, beber e se vestir. Porém, Deus está preocupado com um projeto econômico em que sua vontade, sua justiça impregne um sistema que garanta a dignidade dos corpos de todas as pessoas na satisfação de direitos fundamentais que, segundo o texto, são os direitos à comida, à água e à roupa.

Aqui, Jesus explicita o sentido da bem-aventurança para os pobres (Mateus 5,3). Ser pobre em espírito é estar totalmente a serviço de Deus. É aderir a seu projeto, sendo livre, sem estar apegado às riquezas, ao poder, a segurança. Ter espírito de pobre, de partilha e solidariedade é o oposto do espírito de consumismo e de acumulação de riquezas. Dois são os caminhos fundamentais. Ou servimos aos tesouros da terra, ou nos colocamos a serviço dos tesouros dos céus (Mateus 6,19-21). Ser rico para Deus é partilhar, é ser solidário. Essa é a prática dos servos de Deus, prontos para viver na simplicidade, no desapego e na sobriedade. Temos a ilusão de que possuímos riquezas, quando na verdade são elas quem nos possui e nos governa. Não foi por acaso que as comunidades pós-paulinas escreveram: A raiz 

...Continua.

Texto com Adaptação.

Por Ildo Bohn Gass, biblista, assessor e autor do CEBI.
Fonte: CEBI

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Padre Serra: um discípulo de Jesus.

Naquele tempo, Padre Benito Serra, desceu o subsolo do hospital São João de Deus, na cidade de Madrid-Espanha. Com amor e ternura ouvia as confissões das mulheres prostitutas, internadas e com doenças venéreas. Ele perdoava seus pecados e falava do amor e da misericórdia de Deus Pai e mãe, para com suas filhas/o amadas/o. 

As mulheres ficavam admiradas com sua simplicidade e despojamento de preconceitos e de sua aproximação com elas. Padre Serra, em nome de Jesus Cristo, impunha as mãos sobre elas e as abençoavas com a força da Divina Ruah. E delas expulsavam o medo, o desespero, e as inseguranças de recomeçarem uma vida nova.  

Todos no hospital, perguntavam entre si: quem é esse homem que se aproxima, escuta e perdoa as prostitutas e as abençoam; com tanto amor e respeito?  E a fama de Padre Serra se espalhava pelos arredores da Igreja Espanhola, como um homem subversivo. Somente, por que ousava seguir com radicalidade os passos do seu mestre Jesus de Nazaré. 

Ir. Sirley da Silva, 2012.